Se a primeira vez a gente nunca esquece, Gloria Pires tem motivos de sobra para se lembrar de suas estreias. Precoce, aos 8 anos, ela debutou nas novelas em “Selva de pedra” (1972), como a espevitada Fatinha — quatro anos antes, havia aparecido apenas na abertura de “A pequena órfã”. Com “Dancin’ Days” (1978), descobriu o que era explodir para o país na pele de Marisa, mas entrou para o time das protagonistas ao dar vida à doce Zuca de “Cabocla” (1979). Em “O tempo e o vento” (1985), a atriz lançou-se em minisséries no papel de Ana Terra. Com isso, nos primeiros 13 anos de carreira, Gloria já estava marcada por várias estreias: primeira novela, primeiro sucesso estrondoso, primeira protagonista e primeira minissérie.
Muitos trabalhos marcantes, no entanto, ainda viriam para a filha do ator e humorista Antonio Carlos e da produtora e empresária Elza. Ela cresceu nos estúdios de TV, mas, curiosamente, não queria ser atriz.
— Eu adorava brincar nos cenários, ver a preparação dos atores... Mas tinha medo dos estúdios porque eles eram grandes e sombrios. Não me lembro de ter falado com meus pais: “Ah! Quero ser atriz”. Eles achavam que eu levava jeito. Só que eu tinha pavor — lembra.
Imagine, então, quando, aos 7 anos, Gloria foi reprovada em seu primeiro teste para a novela “O primeiro amor” (1971). Ela conta que relutou, mas acabou convencida pelo pai a tentar conquistar o papel.
— O teste foi um sofrimento horrível. Pensava: “O que estou fazendo aqui? Quero ir embora”. Quando fui buscar o resultado, Daniel (Filho, diretor) disse que eu tinha feito tudo direitinho, mas que não seria eu. “É que eu preciso de uma menina muito bonitinha para fazer”, disparou. Foi um choque, chorei muitos dias. Ser rejeitada é muito difícil — conta Gloria, que só se livrou do fantasma da rejeição em “Dancin’ Days”, quando aos 14 anos teve que encarar de novo Daniel Filho, diretor da trama: — Foi nessa novela que eu me senti aprovada. Precisava disso.
Na ocasião, ela teve não só o aval do diretor, mas também a aprovação de Gilberto Braga, que ficou impressionado com a menina.
— Ela era uma excelente atriz. Começou a novela com 14 anos e completou 15 durante as gravações. Parecia uma adulta. Diferentemente das outras atrizes da mesma idade, Glorinha tinha maturidade, sensibilidade e inteligência — elogia o autor.
Quem faz coro é o diretor Dennis Carvalho:
— Quando comecei a dirigir, em “Dancin’ Days”, Glorinha era uma menina e, já naquela época, admirei muito o jeito de ela interpretar.
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