É quase automático: pensar em Gloria Pires é lembrar das grandes vilãs que ela construiu ao longo de sua carreira. A primeira delas — e a mais famosa — veio cedo, aos 25 anos. A ambiciosa Maria de Fátima, do sucesso “Vale tudo” (1988), é uma das personagens mais emblemáticas da televisão.
— Ela foi um divisor de águas para mim. Houve a junção do prazer em trabalhar e uma excelente repercussão. Isso é raro — afirma, que na mesma época se casou com Orlando Morais, pai de seus três filhos mais novos.
Gloria garante que não sofria com as maldades de Maria de Fátima, que não eram poucas. Ela rejeitava Raquel (Regina Duarte), a mãe pobre, traía a amiga Solange (Lídia Brondi), dava o golpe do baú em Afonso (Cássio Gabus Mendes) e o enganava com o amante, César (Carlos Alberto Riccelli).
— Ela tinha uma interpretação à flor da pele. Era incrível observá-la como vilã e, depois, nos bastidores, ver como Gloria era diferente de tudo aquilo — conta Riccelli.
Vinte e três anos depois, Gilberto Braga deu à atriz a Norma de “Insensato coração”, que prometia exorcizar Maria de Fátima. Mas as nuances da personagem que queria se vingar de Leo (Gabriel Braga Nunes) a colocaram num patamar diferente da filha de Raquel:
— Essa expectativa deixou Norma em desvantagem. E, no fim, não acho mesmo que ela seja uma vilã como Maria de Fátima. O que ela fez de vilania? Ela pensou em matar o marido (Tarcício Meira), mas se arrependeu. Norma era uma mulher enganada, que tinha que achar uma forma de seguir adiante.
O mesmo aconteceu com Nice, a babá nada perfeita de “Anjo mau”, de 1997. A aceitação da empregada ambiciosa pelo público foi tão grande que Maria Adelaide Amaral mudou o fim da história, deixando-a viva. Ou ao menos essa foi a intenção da autora, que não quis desapontar os fãs de Nice.
— Como não morreu? Não ficou claro que ela estava viva! Cada um poderia ter sua interpretação. Foi magistral! — surpreende Gloria.
A repercussão de Nice foi uma espécie de redenção para a atriz, que sofreu com a misteriosa Rafaela de “O Rei do Gado” (1996).
— Benedito (Ruy Barbosa, autor) me chamou para fazer o papel da Patricia Pillar (Luana), mas eu não quis porque me remetia um pouco à “Cabocla” e eu queria fazer alguma coisa diferente. Acho que ele ficou ofendido. Ele me ofereceu a Rafaela e achei interessante porque ela tinha um mistério, era uma impostora. Mas Benedito não queria ou não conseguia desenvolver a história dela ou não queria que eu fizesse aquela personagem. Não sei o que aconteceu, mas fiquei muito insatisfeita — conta
Fonte:Extra
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