Nas novelas, a guerra já foi vencida por elas
Silvio de Abreu admite que, no novo round de Guerra dos Sexos, as mulheres entram em campo com grande vantagem. “Uma mulher é presidente do país. Quer vantagem maior do que essa?”, diverte-se ele, que reúne novos elementos da rixa histórica para reeditar a trama. É claro que, comparadas às personagens de 1983, as mulheres não são mais as mesmas. E, fora do universo do humor, talvez elas nem estivessem interessadas em travar qualquer batalha com os homens – ou nem precisariam.
Na ficção, a batalha já foi decidida. Desde que a desquitada Malu (Regina Duarte) protagonizou o seriado Malu Mulher, em 1979, as mocinhas vêm mudando, adquirindo novas ambições que não dependem da vontade de um príncipe encantado, até serem chamadas de heroínas.
A inspiradora Charlô, interpretada por Fernanda Montenegro na novela original, certamente aprovaria que as mulheres sejam hoje protagonistas não só das histórias, mas de seus destinos nas quatro principais novelas no ar. Não é à toa e chama a atenção que, num programa tradicionalmente feminino, elas tenham deixado de correr atrás do amor, pura e simplesmente, para batalhar por algo mais.
Vejamos. Avenida Brasil, a novela das 21h, é uma história de ódio entre duas mulheres, na qual os homens são meros coadjuvantes – capangas, provedores ou somente namoricos. Jorginho (Cauã Reymond) e Tufão (Murilo Benício) ficam pra lá e pra cá segundo os sabores de Nina (Débora Falabella) e Carminha (Adriana Esteves), e até mesmo os que se acham espertos, como o polígamo Cadinho (Alexandre Borges), vivem sob a rédea curta delas.
Cheias de Charme, antecessora da nova Guerra dos Sexos na faixa das 19h, é sobre três empregadas domésticas que deixam seus pares falando sozinhos para fazer a vida como pop stars – em vários momentos a novela passou a mensagem de que as moças não devem se pautar pelas vontades de seus companheiros. Como na novela das 21h, as disputas entre Chayene (Cláudia Abreu) e as heroínas Empreguetes nada têm a ver com a atenção de um homem, como nas novelas românticas de antes, mas envolve uma carreira artística, um lugar ao sol.
E o que dizer de Lado a Lado, a novela das 18h que é amparada justamente na busca da mulher por afirmação social no começo do século 20? Laura (Marjorie Estiano) e Izabel (Camila Pitanga) são precursoras de Charlô. Da mesma forma, mas com menos discurso e mais simplicidade, a própria Gabriela (Juliana Paes) tenta juntar casamento e liberdade em plena Ilhéus de 1925 na novela das 23h, que dá destaque ao que há de mais feminino no romance de Jorge Amado, ainda com Malvina (Vanessa Giácomo), Jerusa (Luiza Valdetaro), Lindinalva (Giovanna Lancellotti) e outras tantas personagens.
Nina, Carminha, Monalisa, Laura, Gabriela, quengas do Bataclan, Empreguetes – são elas o time da nova Charlô (Irene Ravache). O novo Otávio (Tony Ramos), que se cuide. “Elas estão muito mais fortes. É por isso que você vai notar que os homens estão mais raivosos”, anota Silvio, ansioso para ver como esse circo vai pegar fogo, 30 anos depois.
Fonte:Veja
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