segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Gloria Pires e Miranda Otto divulgam filme 'Flores raras' em SP

Produtora diz que longa teve dificuldades por abordar história de casal gay.
Longa é sobre romance entre Elizabeth Bishop e a arquiteta brasileira Lota.

A atriz Miranda Otto (Foto: G1)A atriz Miranda Otto (Foto: G1)
As atrizes Miranda Otto e Gloria Pires, e o diretor Bruno Barreto, participaram de entrevista coletiva, nesta segunda-feira (5), em hotel de São Paulo, para divulgar o filme "Flores raras". Com estreia prevista para 16 de agosto, o longa retrata a passagem da escritora norte-americana Elizabeth Bishop pelo Brasil, onde viveu durante os anos 50 e 60, e seu romance com a arquiteta brasileira Lota de Macedo Soares.
Miranda viajou da Austrália ao Brasil para falar sobre sua personagem, a poeta Bishop, vencedora do Prêmio Pulitzer de 1956. “Eu me senti sortuda em vir ao Rio e fazer o filme. Quando recebi o e-mail me oferecendo o papel, eu não conhecia muito a história, mas depois de ler o roteiro achei brilhante. Fiquei muito feliz com o convite”, disse. A atriz ouviu gravações de Bishop lendo poesias e viu fotografias para criar a personagem. “Trabalhamos em conjunto para levar esse processo de criação da poesia para as telas sem que ficasse chato”, afirmou.
Apesar do elenco, a produtora Paula Barreto diz que houve dificuldade em encontrar patrocínio por conta da questão da homossexualidade. “O filme custou R$ 13 milhões. Se não fosse a coragem dos nossos parceiros iniciais de apostarem no tema, ele não teria se realizado. O único investidor privado é o Itaú. Ainda temos dívidas que esperamos quitar com o lançamento”, afirma. Paula conta que “Flores raras” já foi comprado para ser distribuído para na Alemanha e Coreia, além de países da Escandinávia. “Nos EUA, ele será exibido na primeira semana de novembro, em cinco cidades norte-americanas, para concorrer ao Oscar, principalmente aos prêmios para as duas atrizes”, aposta a produtora.
Bruno contou que sua mãe, a produtora Lucy Barreto, comprou os direitos para o filme em 1995. “Ela me ofereceu, mas não me interessei. Ela também ofereceu para outros cineastas, como o Hector Babenco, que recusou. Aí ela também já tinha chamado a Glória para ser a Lota, que aceitou”. Barreto disse que, em 2004, ao ver sua ex-mulher (a atriz americana Amy Irving) fazer um monólogo de Bishop nos EUA, sentiu vontade de fazer esse filme.
“Fui ler a poesia dela e comecei a procurar o ângulo da história e o que permeava era a perda. Seria uma história de amor para falar de perda. Conhecia a Miranda do filme do Michel Gondry, ‘A natureza humana’, e foi o casamento perfeito”, afirma. “Meu maior trabalho como diretor foi ouvi-las. Chegou um momento que elas sabiam mais das personagens do que eu. Talvez o fato de eu ter sido casado com uma grande atriz durante 15 anos me ajudou nisso”, completa.
Glória Pires, durante os ensaios, já caracterizada como a arquiteta carioca Lota de Macedo Soares (Foto: Divulgação)Glória Pires caracterizada como a arquiteta carioca
Lota de Macedo Soares (Foto: Divulgação)
Gloria Pires vive Lota, conhecida por idealizar e supervisionar a construção do Parque do Flamengo (ou Aterro do Flamengo), e diz que o que a atrai na escolha de um personagem é justamente o aprendizado. “Eu tenho esse ímpeto da Lota, embora ela seja mais aberta do que eu. Sou uma pessoa comedida, tenho a crença pessoal de que as coisas precisam de tempo para amadurecer”, conta. Glória afirma que o filme estreia em um momento importante, em que há a discussão sobre o casamento gay. “Ele só vem a acrescentar e mostra duas mulheres querendo uma vida comum. O filme desmistifica o universo gay. Elas são seres humanos, com expectativas e medos”, diz a atriz.
Como Lota não gostava de sair em fotos, Glória conta que se baseou em livros que falam sobre a arquiteta. “Alguns relatos se referiam à forma de falar e agir. Embora a condição de homossexual não fosse livre naquela época, ela falava palavrão e tinha intimidade com os peões, uma camaradagem bem masculina”, afirma. Com boa parte do filme falada em inglês, Glória diz que “as cenas de mais emoção” foram as que mais a preocuparam. Sobre a questão da homossexualidade, Glória diz que esse fator “não foi o problema, mas a solução”. “Eu busco desafios. Há 40 anos trabalho como atriz, fazendo TV na maioria do tempo, embora eu tenha sempre tentado fugir às regras, de alguma forma você fica enquadrado no bom e no mau sentido. Foram 17 anos esperando esse filme acontecer. Para mim foi um presente”, afirma.
Bruno aproveitou para elogiar a atriz, com quem seu irmão Fábio Barreto já trabalhou em “O Quatrilho”. “A Glória é um monstro em português, mas não sabia que era em inglês também. Você vê Antonio Banderas e Penélope Cruz, que não vingaram fazendo papéis dramáticos em inglês. É incrível o comando que ela tem”, afirma. Questionado sobre uma possível comparação entre “Dona flor e seus dois maridos”, seu filme de maior sucesso de bilheteria, e “Flores raras”, Barreto brinca: “Quem será o Vadinho? Acho que a Lota é o Vadinho, a Miranda é a Dona Flor e a Mary é o segundo marido, que é mais careta”. O cineasta ainda complementa ao dizer que a música “Fulgaz”, de Marina Lima, é um resumo do relacionamento de Lota e Bishop. “Aquele trecho ‘E a gente faz um país’ mostra exatamente o que era a relação delas”.

Fonte:G1

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