sábado, 31 de agosto de 2013

Aprovado nos festivais estrangeiros, ‘Flores raras’ prepara agora sua estratégia para chegar ao Oscar e demarcar seu espaço no circuito internacional

A brasileira Gloria Pires e a australiana Miranda Otto, como Lota e Bishop: elogios na imprensa americana
A brasileira Gloria Pires e a australiana Miranda Otto, como Lota e Bishop: elogios na imprensa americana Foto: Terceiro / Divulgação


Visto por cerca de 161 mil pagantes em duas semanas de exibição no Brasil, “Flores raras”, de Bruno Barreto, que já viajou por dez festivais no exterior, incluindo os de Berlim (onde ganhou prêmio de público) e Tribeca, prepara agora sua marcha para ganhar os mercados estrangeiros. Na estratégia armada pelo casal de produtores Lucy e Luiz Carlos Barreto, o circuito dos Estados Unidos é o primeiro da fila. Produzida ao custo de R$ 13 milhões, a história de amor entre a poeta americana Elizabeth Bishop (1911-1979) e a arquiteta brasileira Lota de Macedo Soares (1910-1967), vividas por Miranda Otto e Gloria Pires, estreia no primeiro fim de semana de dezembro em Nova York e em Los Angeles, a fim de se habilitar para disputar o Oscar.

— Apesar de já termos iniciado negociações com a Alemanha, com países escandinavos, com a Coreia do Sul e com algumas nações do Oriente Médio, o filme só vai entrar em cartaz na Europa depois de estrear em território americano — diz Luiz Carlos Barreto, o Barretão, lembrando que sua distribuidora nos EUA é a Wolfe, a mesma do premiado “Tomboy” (2011), de Céline Sciamma.

Pelas regras da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, “Flores raras” não pode concorrer ao Oscar de melhor filme estrangeiro por ser majoritariamente falado em inglês. Mas, para Lucy, ele tem chance de disputar outras categorias.

— Além das duas atrizes, a direção de arte, na caracterização do Rio de Janeiro dos anos 1950 e 60, é um ponto para indicações aos prêmios — afirma a produtora, que encampou o filme como um projeto pessoal desde 1995, quando adquiriu os direitos do livro “Flores raras e banalíssimas” (Rocco), de Carmen L. Oliveira, centrado na paixão de Lota e Elizabeth.

Antes da estreia de “Flores raras” nos EUA, um agente de vendas internacionais leva o filme para o Festival de Toronto (de 5 a 15 de setembro), no Canadá. Lá a produção terá exibições paralelas à programação oficial do evento, considerado a melhor vitrine para longas que buscam visibilidade aos olhos da Academia.

Durante o Festival de Berlim, em fevereiro, revistas especializadas em cinema dos EUA como a “Screen International” elogiaram o vigor dramático de “Flores raras”. Em seu texto para “The Hollywood Reporter”, a crítica Deborah Young ressaltou que a experiência de Bruno Barreto na indústria americana, com longas como “Atos de amor” (1996) e “Assassinato sob duas bandeiras” (1990), deu ao cineasta domínio da construção de personagem. Deborah ainda elogiou a maneira como o diretor administra duas atrizes de perfil e bagagem cultural tão diferentes como Miranda e Glória para relatar o romance entre Elizabeth e Lota, indo além do perfil de filme GLS.

— Em 1959, quando estava grávida de minha filha (a também produtora) Paula, eu conheci Lota e Bishop, aqui no Brasil. Assisti da casa onde vivi durante anos, no Flamengo, ao processo de construção do Aterro, sob os cuidados de Lota. Nosso filme é um resgate da memória da Lota e de sua importância para esta cidade — diz Lucy Barreto, rebatendo as críticas, que hoje correm na internet, de que o filme não faz menção à participação do arquiteto Affonso Eduardo Reidy (1909-1964) na concepção do Aterro. — Ele não é um filme sobre arquitetura. É um filme sobre duas mulheres e o amor, com licenças poéticas.

Em maio, “Flores raras” foi exibido no Marché du Film do Festival de Cannes, e foi a produção latino-americana mais elogiada entre os distribuidores internacionais, seguida pelo mexicano “Heli”, de Amat Escalante. Até dezembro, o filme será exibido nos festivais de Haifa (Israel), Internacional de Cine de Viña del Mar (Chile), Mar Del Plata (Argentina) e Thessaloniki (Grécia).

— O aprisionamento dos filmes brasileiros ao mercado interno é uma armadilha para nossa indústria — diz Barretão. — Temos, apesar de toda a burocracia no setor audiovisual, potencial para exportar nossos filmes, diante da forte demanda estrangeira acerca da cultura brasileira. É importante intensificar a carreira internacional de nosso cinema.

Fonte:Extra

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