Não faço o gênero saudosista e acho que o mundo tem que andar para frente. Mas como resistir a Vale Tudo? Vinte e dois anos após sua estreia na telinha da Globo, a novela de Gilberto Braga é mais uma vez a melhor atração no ar atualmente e também uma campeã de audiência. Tanto que a reprise da trama levou o Canal Viva ao primeiro lugar de ibope entre as TVs por assinatura. E olha que é exibida em horários pra lá de ingratos: 0h45 e 12h!
Hoje existem mais reprises do que produções inéditas no ar. É só fazer a conta. São cinco “novidades” (Malhação, Araguaia, Ti-Ti-Ti e Passione, na Globo, e Ribeirão do Tempo, na Record). Contra uma cacetada de repetecos: A História de Ana Raio e Zé Trovão (1990), Pérola Negra (1998), Canavial de Paixões (2003) e Esmeralda (2004) no SBT, Os Mutantes (2008) na Record, Sete Pecados (2007) na Globo, além de Quatro Por Quatro (1994), Por Amor (1998) e Engraçadinha… Seus Pecados, Seus Amores (1995), no Canal Viva. E vem a minissérie Desejo (1990) por aí…
O elenco, então… Teria que citar todos os atores para não fazer injustiça a ninguém. E dizer que Maria de Fátima é até hoje o melhor papel da carreira de Gloria Pires é chover no molhado. E olha que ela ainda fezMemorial de Maria Moura (1994), Mulheres de Areia (1993), O Tempo e o Vento (1985)… O mesmo pode ser dito de Beatriz Segall (Odete Roitman), Reginaldo Faria (Marco Aurélio) e Carlos Alberto Riccelli (César). Renata Sorrah também poderia entrar nessa lista com a antológica Heleninha, caso não tivesse surgido Nazaré Tedesco (de Senhora do Destino, 2004) na carreira da atriz.
Mas entre tantos talentos e personagens marcantes, a melhor delas para mim é Solange (Lídia Brondi). Ela é até hoje a melhor mocinha de novelas já criada. Solange é tudo que Diana (Carolina Dieckmann emPassione) gostaria de ser, mas não é. É ética, 100% do bem, é enganada, mas não é boba; roda a baiana como ninguém e foi de uma ousadia sem limites.
Em 1988, Gilberto usou a jornalista para falar sobre “produção independente”, mas não uma gravidez “por acaso” como seria o normal. Solange simplesmente decidiu que queria ser mãe de um filho sem pai e começou a procurar quem seria o “doador do esperma”.
Ela estava no comando da situação. E Lídia Brondi soube aproveitar cada minúcia dessa personagem genial. Não bastasse ter seu cabelo vermelho e a franjinha copiada até hoje e o figurino que foi uma febre, ela fez de sua personagem um marco da teledramaturgia. Só que, infelizmente, ela ficou à margem. É claro que Odete, Maria de Fátima e Heleninha também eram sensacionais, mas todos são tipos que você já viu em algum lugar. Solange não. Foi e continua sendo única.
FONTE:CONTIGO
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