domingo, 19 de agosto de 2012

Glória Pires – Fala sobre a carreira, a familia e o próximo trabalho.




Sua qualidade como atriz é uma unanimidade. O reconhecimento é fruto de bastante trabalho e dedicação, desde muito cedo. Em 1967, aos 4 anos de idade, Glória Pires já freqüentava os bastidores da extinta TV Excelsior, levada por seu pai, o ator Antônio Carlos Pires, um dos pioneiros da dramaturgia na televisão brasileira. "Ele me ajudou em tudo e tive a influência diretíssima dele. Batia os textos comigo, me ensinava a decorar e, principalmente, estudar o texto. Ele sempre foi contra esse negócio de só decorar. E o que mais me estimulou para ser atriz foi vê-lo ensaiando, criando os personagens dentro de casa. Ele pegava uma gravata, fazia um laço e tinha uma idéia. Isso foi o que mais me chamou a atenção, a relação dele com a caracterização de seus personagens, da criação e da pesquisa", explica Glória Pires.

Em 1969, a atriz realizou sua primeira participação na televisão na abertura da novela A Pequena Órfã. Depois de reprovada, em 1971, para integrar o elenco infantil da novela O Primeiro Amor, da Rede Globo, ela finalmente, no ano seguinte, faz sua primeira novela, Selva de Pedra, onde representava uma doce menina chamada Fatinha. Nessa época, o apoio da família foi muito importante: "Minha criação foi desprendida e sem preconceito. Na minha casa não havia conversa, nem assunto proibido. Meu pai era artista e minha família itinerante, pois não parávamos em São Paulo, nem no Rio. Meus pais se amavam profundamente e havia uma integração familiar incrível. Foi muito bacana viver com pais liberais, apesar de minha mãe, a dona Elza, ter sido rigorosa com a nossa educação. Ela queria que tivéssemos bons modos, que falássemos direito ao telefone, essas coisas. Mas o mais legal lá em casa era que meus pais sempre foram muito próximos um do outro e extremamente carinhosos com os filhos", conta a atriz.

Iniciando cedo na TV, Glória sempre acumulou papéis de sucesso. Desde pequena contracenou com grandes atores e atrizes, além de fazer diversas participações em especiais e programas que marcaram época na Rede Globo como "Satiricom" e "Faça humor, não faça guerra". Atingiu a fama em 1987 com a novela Dancin´ Days, fazendo o papel de Marisa. Fez vários outros papéis importantes em diversas novelas: Desejos de Mulher, Anjo Mau, O Rei do Gado, Mulheres de Areia e alguns filmes como Se eu fosse você, A partilha e O Quatrilho, trabalho que a fez ganhar o prêmio de melhor atriz no Festival de Cinema de Havana.

O trabalho nunca afastou a atriz da família. Mãe de quatro filhos - Cléo, Antônia, Ana e Bento - se auto qualifica como mãezona. "Procuro conciliar as coisas. Ser ator é difícil para conciliar com qualquer outra coisa. Principalmente ator que faz televisão, porque é uma dedicação total. Quando você está fazendo novela, não tem espaço para quase mais nada, e a vida familiar fica supercapenga. Um ator de televisão grava dez horas por dia e chega em casa exausto. Daí, tem de decorar o texto para o dia seguinte, tem de estudar, jantar, tomar banho, responder aos telefonemas. Não dá para sair e se divertir e, no fim de semana, a gente trabalha. Sou muito organizada com as minhas coisas, pego o bloco de capítulos e leio tudo, não estudo apenas a minha parte, eu leio a novela toda. Isso dá trabalho e leva tempo. Mas filho, para mim, é prioridade e todo o tempo livre que tenho é para minha família", afirma Glória.

Casada com o músico Orlando Morais, para ela a família é a base de tudo. E para gerenciar a vida agitada conta muito com ajuda do parceiro e diz que sente muita falta quando Orlando viaja em turnês: "Lá em casa tem muita música. O Orlando é aquariano e a cabeça dele vai lá do outro lado do mundo. Ele pesca tudo no ar, tem uma percepção incrível. É muito bom viver com ele, que é um excelente músico. Além de compor e cantar, ele toca. O estúdio dele é lá em casa e isso é bárbaro porque, de repente, ele me chama para ouvir uma música nova que ele fez. Vai todo mundo para o estúdio, a família toda. A Cléo é a mais empolgada, gosta de cantar e canta bem. Ela e a Antónia participam do último CD dele. A Antónia agora diz que quer ser cantora por causa da Sandy. Só é ruim quando ele faz turnês, porque aí eu fico sozinha", completa ela.

Para manter a forma, a atriz cuida do corpo e da mente, além de controlar a alimentação: "Faço ginástica com a Jô, que é uma mulher maravilhosa. Ela arranca meu couro, mas sem tortura, sem machucar. Faço 40 minutos por dia na minha casa. Também me alimento bem e tomo vitaminas indicadas por um médico ortomolecular. Não como carne vermelha desde os meus 12 anos, quando fiz uma promessa. Hoje não sinto a menor falta. Estava fazendo tai chi chuan, mas o tempo ficou curto e preferi ficar só na ginástica, que eu precisava mesmo", comenta Glória.

Apesar dos boatos e notícias fantasiosas sobre sua família, que geraram inclusive processos na justiça, a atriz conta que convive bem com a fama: "Eu gosto de andar na rua e não tenho problemas ao ser identificada por alguém. Estou fazendo um trabalho voluntário no hospital do Carmo, sou madrinha de 62 idosos que vivem lá. Muitos não têm família, outros têm, mas ninguém dá muita atenção a eles. Visito essas pessoas todas as segundas-feiras. Às vezes, paro o meu carro na rua e as pessoas chegam perto de mim para pedir autógrafo, tirar uma fotografia. É bacana. Chego em casa morta. Às vezes, nem consigo jantar. Mas é um trabalho que eu realmente queria fazer e estou achando maravilhoso", fala Glória.

Depois do sucesso da personagem Júlia Falcão, da novela Belíssima, a atriz Glória está confirmada para dois personagens: um na novela Paraíso Tropical, em que interpretará a boa moça Lúcia, repetindo com Tony Ramos o par romântico de Belíssima, e também no cinema, na adaptação do grande sucesso literário O Primo Basílio, onde viverá Juliana. "Juliana é a personagem mais completa e acabada da obra. Ela é um símbolo da amargura e do tédio em relação à profissão. Feia, virgem, solteirona, bastarda, é inconformada com sua situação e por isso odeia a tudo e a todos, não se detendo diante de qualquer sentimento de fundo moral", completa Glória.



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