sexta-feira, 13 de julho de 2012

Flores Raras

Visitamos o set de filmagem, montado em propriedade com casa de Oscar Niemeyer e jardim de Burle Marx.
Uma casa com alicerces geométricos e teto levemente flexionado, circundada por um jardim sinuoso recheado de espécies nativas da Mata Atlântica, além de um Jaguar branco conversível. O sítio projetado por Oscar Niemeyer e Roberto Burle Marx, localizado em Petrópolis, no Rio de Janeiro, é o cenário para lá de inspirador das filmagens de “Flores Raras”, de Bruno Barreto, que narra o romance entre a brasileira Lota de Macedo Soares, idealizadora do Parque do Flamengo, e a americana Elizabeth Bishop, considerada uma das maiores poetisas da língua inglesa. 
Vividas respectivamente por Glória Pires e pela australiana Miranda Otto (a foto abaixo), a princesa Éowyn da saga "O Senhor dos Anéis", as personagens se refugiaram na região ao longo dos 15 anos de relação, entre 1951 e 1966, período muito produtivo para ambas. Fincada no distrito de Pedro do Rio, a bela propriedade onde se passa boa parte do filme é considerada um achado por Barreto, que ainda levará o set para o Rio de Janeiro, Nova York e Roma. 
“A Lota e a Elizabeth viveram em uma casa aqui perto, em Samambaia, projetada pelo Sérgio Bernardes (que trabalhou com Niemeyer no início da carreira). Tem o mesmo estilo dessa: fica no meio da mata, possui um jardim bonito e é de inspiração modernista. Inicialmente, nossa ideia era filmar lá, mas a dona não permitiu. Então, quando descobri essa, vibrei: ‘É a versão cinematográfica da casa verdadeira’. Além disso, aqui ainda existe a casa velha, a primeira da propriedade, que lá já não existe”, explica o diretor, lembrando da paixão de Lota pela arquitetura.
Na “primeira casa” a que Barreto se refere viveram Lota e Mary Morse, dançarina interpretada pela americana Tracy Middendorf que seguiu morando no local, há alguns metros da casa principal, mesmo após o fim do relacionamento com a brasileira já que tinha bom relacionamento com Bishop. O mesmo pode-se dizer das atrizes, que conversam no set como velhas amigas. 
“O ambiente tem sido ótimo. Houve uma empatia muito grande tanto com a Tracy quanto com a Miranda. São duas ótimas atrizes, muito experientes. Claro, no início, foi um pouco mais difícil por conta da língua. Até pegar a forma e ficar à vontade é um pouco trabalhoso. Mas, agora, já está tranqüilo”, conta Glória.
A dificuldade de Glória com a língua inglesa, em que o longa é falado, resumiu-se à questão social, no entanto. Segundo o diretor, a estrela brasileira tem demonstrado muita naturalidade ao atuar no idioma estrangeiro: “Parece que ela já fez vários filmes em inglês. É impressionante. Não é fácil. O Antonio Banderas e a Penélope Cruz nunca vingaram em inglês. Com a Glória, a coisa é orgânica”.
O mesmo não se pode dizer de Tracy, que teve apenas duas semanas para aprender a pronunciar com perfeição algumas frases em português, assim como sua personagem fazia. “É difícil porque não usamos alguns sons que os brasileiros usam, como o ‘ão’ e o ‘r’ de ‘fazer’, por exemplo. Quando cheguei, só sabia falar ‘obrigada’, mas falava errado, ‘obrigado’. Agora, estou tentando aprender mais para improvisar, o que é um pouco arriscado em uma língua que você não domina”, conta a simpática americana.

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