sábado, 28 de julho de 2012

Cenas de uma filmagem


A correria, as brincadeiras e o trabalho duro por trás da gravação de É Proibido Fumar
TÂNIA NOGUEIRA
Paulo Vitale
Cortina de fumaça
Max, o personagem de Paulo Miklos, não suporta cheiro de cigarro. Por sua causa, a namorada, Baby, interpretada por Glória Pires, tem que parar de fumar. Nos bastidores, os papéis se invertem. Glória não fuma. O cigarro que usava em cena não tinha tabaco. Já Paulo, sempre que tinha um intervalo, saía para fumar um cigarrinho. 
Como todo grupo que trabalha junto muitas horas seguidas, por vários dias, uma equipe de filmagem fica muito unida. Surgem piadas, bordões, histórias que as pessoas gostam de repetir. Entre julho e agosto deste ano, por seis semanas, a equipe capitaneada pela diretora Anna Muylaert (Durval Discos, 2003) filmou É Proibido Fumar. O filme é a história de Baby (Glória Pires), uma professora de violão solteirona, cuja maior distração é discutir com as irmãs. Até que Max (Paulo Miklos) se muda para o apartamento ao lado e os dois se envolvem. Para conquistar o amor de sua vida, ela tem que parar de fumar. Mas só isso não basta. Quando Baby se pergunta o que fazer para um jantar a dois, sua depiladora dá a receita: “Salmão é batata!” A expressão virou uma espécie de bordão da equipe.

Outra piada era a frase que Paulo Miklos criou ao improvisar uma cena: “Tô bem, mas tá muito difícil”. Muito sociável, o ator parecia centralizar as brincadeiras. Na última noite de filmagem, quando a reportagem de QUEM acompanhou a gravação, a cada intervalo ele se reunia à “galera do fundão” (os fumantes ao lado do cafezinho). “Disseram que a parada será de cinco minutos, que só vão posicionar uma luz”, dizia, enquanto acendia seu segundo cigarro. “Eu conheço. Vai levar duas horas e meia.”

Na verdade, o intervalo durou o tempo certo para ele terminar o segundo cigarro. Mas não há exagero em dizer que o que mais um ator faz em um set de filmagem é esperar. “Em Noite Americana (que retrata uma filmagem), de (François) Truffaut, tem uma cena em que uma atriz diz: ‘Eu fiz isso tudo? Só me lembro de ter esperado’. Filmar é isso mesmo. A gente condensa semanas em duas horas”, disse Paulo César Pereio, que gravaria uma participação especial. Quem vê um filme não imagina a complexidade da operação envolvida na filmagem de cada cena. Naquela noite, das 22h até de manhã, filmaram apenas uma pequena cena, em que Baby assiste a um show de Max. A maratona começou com o elenco, os figurantes e a equipe técnica jantando na churrascaria em Paulínia, interior de São Paulo, onde a cena, que se passa na capital, foi gravada. Eram 50 figurantes, uma equipe técnica de 45 pessoas e o elenco. Cada um dos atores famosos sentou-se em uma mesa diferente com membros da equipe técnica.

Terminado o jantar, começou a montagem das luzes, do som e do resto do equipamento. Os atores foram para os trailers que serviam de camarim. Os dois Paulos, Miklos e Pereio, voltaram logo, vestindo o figurino de seus personagens. Glória ficou mais tempo recolhida, se concentrando. “Hoje a seqüência é tranqüila. Aliás, esta filmagem foi toda tranqüila.” Depois, voltou ao salão da churrascaria para começar os ensaios e, serenamente, repetia a mesma cena cada vez que a luz dava um problema ou um figurante se punha entre a câmera e os atores.

Paulo Vitale
Franjinha Dancin'Days

Quando a equipe discutia a formação dos personagens, Glória Pires observou que Baby era do tipo que continua vestindo as roupas da adolescência. “A franja surgiu como uma forma de infantilizá-la”, disse a diretora, Anna Muylaert. “Acabou que Glória ficou parecida consigo mesma quando menina.” Ou melhor, com seu personagem em Dancing Days, Marisa, a filha de Júlia Matos. O penteado, na verdade, era um aplique que ela punha e tirava todos os dias. Na foto acima, Glória espera o início dos ensaios no camarim. Abaixo, já caracterizada, aguarda seu momento de entrar em cena.

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