quinta-feira, 28 de junho de 2012

Gloria Pires-É PROIBIDO FUMAR

atrizgloriapires | É PROIBIDO FUMAR JÁ CINEMAS TODO BRASIL Gloria ganha prêmio APCA 2009 :

Melhor Atriz filme É PROIBIDO FUMAR



Materia Jornal O Povo em Fortaleza:

A voz do outro lado da linha parece confidenciar. ``Toda a ideia veio quando eu decidi parar de fumar. Eu fiquei pensando nos dramas que surgiram. Várias coisas negativas apareceram. Fiquei insegura e muito ciumenta``. Nada de projeção, engasgo ou melodrama da superação. A cineasta Ana Muylaert decidiu personificar as sensações. Tolheu um pouco da identificação e foi procurar em outros ex-fumantes tudo o que lhes era comum. Da pesquisa, saiu uma questão: o que, de cotidiano e corriqueiro, é influenciado e muito pela decisão de parar de fumar? Brotava aí o estopim. 

O filme É Proibido Fumar, segundo longa de Ana como diretora, nasce disso. ``Quando a gente fuma, se sente independente do mundo. O cigarro basta, nos sentimos autosuficientes``, conclui. Estreia nacional da ultima sexta, 4, o filme que chega a 38 salas de cinema pelo Brasil faz humor até com o título. É justamente do riso que vem a forma de contar a história de Baby (Glória Pires), uma mulher que mora sozinha no apartamento herdado da mãe, é professora particular de violão e conhece o músico e cantor Max (Paulo Miklos), que acaba de se mudar para o apartamento vizinho. Eles passam a viver uma história pautada por pontos de conflito. Um sofá, o cigarro dela, a ex-mulher dele, os gostos musicais. E o humor, ao poucos, se torna o caminho de falar de atrito. História aparentemente simples, mas que vai se complexificando, justamente porque a diretora acredita na inteligência do público. 

Ana Muylaert não entrega tudo mastigado, ao contrário. Desde a primeira cena, quando avistamos somente uma fumaça de cigarro e ouvimos alguém tossir. Após o primeiro plano no cinzeiro, avistamos Glória Pires e, em sua mão, a presença do elemento que pontuará toda a história, o cigarro. Em certa altura da história, um acidente, um crime sem intenção. Tudo isso é fragmentado, vamos aos poucos juntando as peças e o filme ganha velocidade e a certeza de que nem a vida mais simples é tão pueril assim. 

É Proibido Fumar foi o grande destaque da 42ª edição do Festival de Brasília de Cinema. Foi vencedor em sete categorias: prêmio de melhor atriz para Glória Pires e melhor ator para Paulo Miklos; melhor atriz coadjuvante, melhor roteiro, melhor direção de arte, melhor trilha sonora e melhor montagem, além de receber o Prêmio da Crítica, de melhor filme. No longa, alguns dados se repetem do primeiro trabalho de Ana como diretora, Durval Discos (2002). Pouco cenário, presença forte de música, o drama mostrado com humor & e nem por isso menos forte. ``Eu gosto de trabalhar com vários elementos, um deles é a obsessão. As pessoas estão cada vez mais loucas, obsessivas, mal com o trânsito, como chefe, insatisfeitas. Eu trabalho nesse cenário humano``. Um mosaico de histórias, pequenos esquetes que recortam a história. São pessoas que se cruzam no elevador, no trânsito, na rua e se relacionam de alguma forma. Num primeiro olhar, elas não têm relação direta com a história. Observamos mais um pouco, percebemos uma relação para além de causas de consequências, mas sim, como um pedaço de vida. 

Nesse cenário, nos deparamos com Antônio Edson, do grupo de teatro mineiro Galpão, Pitty, Antônio Abujamra. A história acontece em São Paulo e a carioca Glória Pires, ótima no filme, algumas vezes não convence com sotaque paulistano. Paulo Miklos, por sua vez, foi uma aposta e Ana confessa, um risco. ``Ele não está dentro dos padrões de beleza para contracenar com a belíssima Glória, mas ele tem muito charme. O Paulo conseguiu se soltar, ficar à vontade``, aposta a diretora. De fato, mesmo não sendo ator profissional, Paulo consegue acertar o tom, agir com uma naturalidade até surpreendente. 

Se hoje acender um cigarro chega a ser uma transgressão, Ana consegue dizer a influência do ato numa vida. Com toda a qualidade do trabalho, Ana é realista e pé no chão. ``A gente sabe que se não for da Globo Filmes, é muito difícil uma produção fazer sucesso. Aí em Fortaleza, como está a movimentação?``. 

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