'Flores raras', de Bruno Barreto, estreia na mostra fora da competição pelo Urso de Ouro.
RIO - Antes mesmo de concluir as filmagens de “Flores raras”, em meados de 2012, Bruno Barreto já imaginava vê-lo estreando em Berlim. O diretor carioca, que competira pelo Urso de Ouro em 1997 com “O que é isso, companheiro?”, entendia que a história de amor entre a arquiteta e paisagista brasileira Lota de Macedo Soares (Glória Pires) e a poeta americana Elizabeth Bishop (Miranda Otto) era “um filme para o mundo”, que se encaixava no perfil cosmopolita de Berlim.
— A seleção de Cannes, considerado o mais importante festival de cinema do mundo, costuma ser irregular, porque precisa obedecer a uma série de necessidades geopolíticas. Berlim é o segundo em importância, mas é o mais abrangente. Tem uma consistência melhor, apresenta filmes que não fazem tanta concessão ao público — compara Bruno Barreto, que passou por lá com “Romance da empregada” (1987), na mostra Panorama, e “Bossa Nova”, encerrando a programação de 2000.
O diretor conta que houve a possibilidade de “Flores raras” ganhar uma vaga na competição pelo Urso de Ouro. Mas, diante da hipótese de ser escalado para a segunda metade do festival, a Film Consultancy Partners, que representa o longa no mercado internacional, preferia exibi-lo ainda na primeira semana da maratona, mesmo que numa mostra paralela. “Flores raras” terá sua primeira sessão no próximo sábado, no exclusivo time da mostra Panorama Special.
Livremente inspirado no livro “Flores raras e banalíssimas”, de Carmen Lúcia de Oliveira, o filme recria a trágica história de amor entre a criadora do Parque do Flamengo e a autora de “A arte de perder”. O longa, que será exibido com o título internacional “Reaching for the Moon”, chega a Berlim como um dos favoritos ao troféu Teddy, o prêmio gay mais famoso do circuito de festivais.
— Já recebi vários e-mails da organização Queer Power de Berlim para participar de encontros por lá — diz o diretor. — O grande desafio de “Flores raras” foi contar essa história de modo acessível, sem perder complexidade, torná-la simplificada ou maniqueísta. Não é um filme sobre o relacionamento de duas mulheres, mas não fiquei tímido quanto a isso, até porque a grande liga entre Lota e Elizabeth se dava pelo sexo.
Fonte:O Globo
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